“Eu odeio o modo como
você fala e como corta o cabelo. Odeio como se movimenta e como se comporta na
frente dos outros. Odeio como tem sempre uma desculpa pra tudo e como faz de
conta que o assunto não é com você. Odeio como nós estamos distantes e como
você parece gostar de aumentar essa distancia. Eu odeio o fato de você me fazer
rir o riso mais gostoso e feliz, assim como odeio o fato de me fazer chorar o
choro mais amargo e doloroso. Eu odeio como passa a mão no cabelo com a
intenção de desarrumá-lo mais ainda e odeio como ri das piadas dos seus amigos.
Eu também odeio o modo como sorri de lado, sabendo que vai conseguir facilmente
o que quer ao fazê-lo. Eu odeio o modo como segura minhas mãos, abraça minha
cintura e beija meu pescoço só para me fazer ceder um pouco mais à você. Odeio
o modo como me olha nos olhos, parecendo achar o que sempre esteve procurando e
como eles parecem brilhar toda vez que me vê. Odeio quando você vai embora e
também odeio quando você volta com toda a certeza do mundo que eu vou estar ali
para recebe-lo de braços abertos. Odeio realmente estar ali. Eu odeio o modo
como você se garante em tudo o que faz e como você se torna um pouco mais
convencido à cada conquista, se achando melhor do que tudo e do que todos.
Odeio o modo como me ignora e também quando não me liga ou manda notícias. Eu
odeio o arrepio na pele que você me causa, as borboletas no estômago e também
como a temperatura ao meu redor sobe toda vez em que você me toca. Eu odeio
meus batimentos cardíacos quando você me olha. Eu odeio o modo como você me
puxa para si e me repele ao mesmo tempo. Eu definitivamente odeio ser um bilhão
de vezes mais sua do que minha. O que me lembra: eu odeio me querer de volta
mas não ter ânimo e nem vontade de pedir por isso. Eu odeio como eu sinto a sua
falta a cada despedida que temos todas as noites. Odeio como você é sempre a
primeira coisa que eu penso ao acordar, e a última antes de dormir. Odeio não
saber o que você pensa, nunquinha, nem por uma única vez. Odeio como se faz de
durão só pra provar que é mais forte do que todo mundo e o modo como é fácil te
tirar do sério. Eu odeio seu temperamento agressivo e impulsivo. Mas
principalmente, eu odeio não conseguir te odiar. Nem um pouquinho, nem mesmo
por um segundo.”
Marina Borges
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